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quarta-feira, 27 de março de 2013

Anjos- Considerações Finais



ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA
LILIAN GHISSO ARISTIMUNHO




Considerações Finais

            No Brasil desde a década de 90 tem-se ouvido falar sobre anjos dentro das várias religiões. Foi um prato cheio para a Nova Era que inundou o mercado com inúmeras publicações[1]que reunia em seu conteúdo um misto de história e esoterismo[2] de todos os tipos. O fato dessas obras não terem sido escritas por teólogos cristãos é muito preocupante, pois se popularizou no meio dos leigos uma adoração aos anjos. Alavancado pelo movimento carismático que entre outras coisas desejava desvincular-se dos cultos aos santos e devoção a Maria abriu as portas para uma interpretação da batalha espiritual explorada pelo movimento neo pentecostal. A Era de Aquário tão esperada para a virada do milênio entre os esotéricos se viu convidada a exaltar a crença em anjos e se enxertou dentro das igrejas de modo deformado até mesmo em segmentos das igrejas tradicionais.
        
            O homem não é a única criatura criada por Deus nesse espaço povoado por mundos e galáxias, dotado de capacidade de contemplação da obra divina. “Há outra classe de seres superiores ao homem”[3]São claras as evidências da crença em anjos nas religiões inseridas na Bíblia, os anjos “são configurados como mensageiros e considerados seres espirituais intermediários entre Deus e os homens”[4]. A partir da época carolíngia[5] a angelogia ganhou lugar importante dentro das práticas religiosas, a “devoção angélica é legitimada pelo concilio de Aix-la- Chapelle (789), condenando, porém a elaboração de listas com nomes angélicos[6]”. Esta parece uma tentativa de desarraigar o pensamento do povo da igreja das concepções errôneas a respeito desses seres deixados pelo judaísmo tardio, que acreditava que os anjos falavam com Deus a favor dos homens[7].“e apresentassem a Deus suas preces.”[8].
            Esse fenômeno é decorrente do que podemos chamar de paganização da Igreja católica, suas causas são inúmeras, mas entre elas, o abandono prático do Catolicismo folclórico como subscristão segundo Juan Luiz[9], até uma defesa do subcristianismo como verdadeiro cristianismo, segundo Galilea[10]. O fato é que a maioria dos cristão da América Latina estão fora do controle do catolicismo oficial. O protestantismo também sofreu mutações através dos séculos partindo de um interesse por questões como justificação é a eclesiologia dos reformadores chegando à terceira onda.[11]. Que destacam as obras do Espírito Santo, como cura expulsão de demônios, profecias e na realização de maravilha.

John Wimber (1934-1997) foi ao Seminário Fuller em 1975 a convite de C. Peter Wagner para organizar o seu Institute of evangelism and Church growth  (Instituto de Evangelismo e crescimento da Igreja). No seu discurso polemico, o MC510- The Miraculous and Church growth  ( O Milagroso e o Crescimento da Igreja) cada aula consistia em uma palestra e um período posterior de cura e “sinais e maravilhas” – uma estratégia que Wimber desenvolveu da idéia de George Ladd segundo a qual o Reino de deus veio para libertar as pessoas de Satanás e dos demônios por seus meios[12].

            A bíblia alerta para o perigo de receber falsas doutrinas de supostos anjos: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além de que vos temos pregado, seja anátema[13]” Paulo diz: “O próprio Satanás se transforma em anjo de luz[14]”. Assim também o profeta mentiroso enganou um homem de Deus[15].
            Sendo o culto aos anjos uma das falsas doutrinas apresentadas em Colossos[16].Em apocalipse o anjo fala a João exortando-o a não adorá-los[17]:Pelos anjos apresentarem-se ativos nos primeiros anos da igreja hoje ainda se tenta voltar aos áureos tempos e a crença em anjos é uma dessas tentativas. Baseados nas escrituras pessoas mal intencionadas (falsos profetas da atualidade) tentam conduzir as pessoas ao erro endeusando os anjos através dos elementos imaginários judaicos extra-bíblicos. Abusando dos desejos do inconsciente coletivo que a eles agrega crenças sobre espíritos da natureza. Criando uma lista de nomes angélicos supostamente das miríades descritas nos textos canônicos.

“Há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou como resgate por todos” (I Tm 2,5-6).
Entretanto não podemos ler a bíblia literalmente, e sem levar em conta o fundo histórico onde foi escrita ou mesmo assinar embaixo do catecismo da Igreja Católica quando diz: CIC 336 “Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão. "Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida." Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens unidos em Deus[18]”.

Para os primeiros cristãos, adotar a fé cristã era sair das trevas para a maravilhosa luz de Deus, pois foram libertados por um salvador que havia “despojado os principados e potestades”. Mas devemos levar em consideração que o mundo era cercado por um medo constante onde milhões de escravos eram explorados às custas de manter um Império. A liberdade pregada pelo cristianismo, não somente era uma liberdade dos velhos deuses pagãos das crenças e do destino, mas uma expectativa de liberdade social que só hoje somos capazes de compreender.
            A Bíblia diz que Deus envia seus anjos para nos proteger, mas não diz que temos anjos pessoais e nem mesmo que todos os anjos são enviados de Deus. Com isso não se pretende negar a existência ou a ação angélica no mundo, mas sim limitar nos parâmetros que atestam as escrituras, onde os anjos são mensageiros geralmente humanos como nós e dotados do espírito Santo de Deus dispostos a obedecer a suas ordens. Assim também nos afirma Paulo quando incentiva os crentes a continuarem a demonstrar hospitalidade a estranhos, aparentemente com a expectativa de que também possam um dia receber anjos sem o perceber[19]. Por isso a melhor coisa a fazer é ficar muito atentos e cuidar bem dos anjos que por ventura cruzarem nosso caminho.






Referências


AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral. Dicionário Histórico de religiões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. 462p.

BANCROFT, D.D. Emery.H. Teologia Elementar: Doutrinária e conservadora. São Paulo: Imprensa batista Regular, 1960.378p

A BIBLIA . Tradução Ecumênica da Bíblia. São Paulo: Loyola. 1996.

A BIBLIA . Almeida Atualizada e Revisada : A Bíblia da liderança.Com notas de Jonh Maxuell. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. 1996

CAIRNS. Earle. E. O Cristianismo Através dos Séculos: Uma Historia da Igreja Cristã. São Paulo: Vida Nova. 2008
DICIONÁRIO. Dicionário de Teologia: Conceitos fundamentais de teologia atual. Volume I. Adão-Dogma. São Paulo: Loyola, 1970.452p.

MANUAL BÍBLICO. Manual Bíblico SBB: tradução de Lailah de Noronha. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008.

PIÑERO. Antonio. MONNTSERRAT. José T.Textos Gnósticos Biblioteca de Nag Hammadi I.Tratados filosóficos y cosmológicos. Madri: Trotta, 2000.532p.
ROBISON, James M. A Biblioteca de Nag Hammadi.Tradução Teodoro Lorent.2.ed.São Paulo: Madras,2007.464p.

SITES:
http://digilander.libero.it/monast/angeli/porto/sono.htm
http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/a/anjo.html






[1] BONFIGLIO, Monica. Anjos Cabalísticos, 1993.
_________ , Monica.Taro dos anjos,1994.
_________, Monica. A magia dos Anjos Cabalísticos. 1994.
[2] _______ibidem. “Li tudo sobre Helena Blavastsky, Eliphas Levi e outros alquimistas como Francis Barret. Foram mais de 2.000 obras.” P.7.
[3] BANCROFT, D.D. Emery.H. Teologia Elementar: Doutrinária e conservadora.1960.P. 290.
[4] AZEVEDO, Antônio Carlos do Amaral. Dicionário Histórico de religiões, 2002. P.35.
[5] Século XVIII.
[6] AZEVDO,2002. P. 36.
[7] TEB,1996.Jó 33:23.Mas, se houver um anjo para ele, um intérprete entre mil,/ para dar a conhecer ao homem seu dever”.
[8] DICIONÀRIO.Dicionário de Teologia: Conceitos fundamentais de teologia atual.Volume I.Adão-Dogma,1970.p. 109.
[9] Apud.CAIRNS.Earle. E. O Cristianismo Através dos Séculos: Uma Historia da Igreja Cristã.São Paulo: Vida Nova. 2008.p.571.
[10] Ibidem.
[11] CAIRNS, 2008. p. 518.”Temo cunhado por C. Peter Wagner em 1983, inclui aqueles que não tem interesse em se associar aos carisméticos pentecostais.”
[12] Ibdem.
[13] BÍBLIA. 1996.Apocalipse 19:10
[14] Ibidem.2 Coríntios 2:11-14
[15]BÍBLIA ,1996. 1  Reis 13.”Um anjo me falou por ordem do senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo a tua casa, para que coma pão e beba água” o mesmo texto acrescenta: “Porém mentiu-lhe.
[16].ibidem. Colossenses 2:18“Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal”
[17] Ibidem. Apocalipse 19:10.  “Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e de teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.
[18] http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/a/anjo.html
[19] Ibidem. Hebreus 13:2.

Anjos VI


ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA

LILIAN GHISSO ARISTIMUNHO



6. A IGREJA E OS ANJOS 


A Igreja ao longo da história considerou várias características citadas pelos pais da igreja a respeito dos anjos. Na atualidade segundo a igreja católica apostólica romana vale o que foi estipulado no Vaticano II, pregada em seu catecismo. A igreja dos reformadores não deu tanta ênfase nesta questão no primeiro momento, hoje os ditos protestantes pentecostais exploram esse conceito de mundo invisível. 


6.1.O Anjo da Igreja 
Quem são os anjos da Igreja nos primeiros capítulos do Apocalipse de João? A resposta mais comum é que João ao escrever estaria se referindo aos pastores destas Igrejas, com base emMalaquias 2:7, onde a palavra K)lm (mal'ak), designativa de anjo no hebreu, é empregada aos líderes religiosos como sendo mensageiros da vontade de Deus. Assim, aos mensageiros das Igrejas (aggelos) ou aos seus anjos, é que seriam escritas as cartas. 

Contudo, outras interpretações como a do alegorista Orígenes de Alexandria indicariam se tratar de anjos reais, e sendo assim, cada Igreja teria o seu próprio anjo da guarda particular. Mas, vemos pelo conteúdo das cartas que elas não se dirigem a um anjo, mas a pessoas, aos membros daquela igreja. 

Outros ainda argumentam que seriam espíritos malignos que estariam ali para se alimentar dos pecados dos membros daquela Igreja. Sendo que cada Igreja teria então um "demônio de guarda" pronto a agir a cada tropeçar dos salvos ali congregados. 

Um dos pontos mais relevantes quanto a esta questão é que no contexto do Novo Testamento não há sequer uma referência a "o Anjo do Senhor". Sempre que ocorre referência a "Anjo do Senhor", esta se faz como "um anjo do Senhor" e nunca como "O Anjo do Senhor". Esta substituição diz muito em sua aplicação direta, pois, ser "um", é ser um entre muitos, e ser "o" é ser único do gênero. No texto grego não encontramos o artigo definido "o" anexo à palavra aggelov (aggelos), colocando todas as referências com exceção de Atos 7:30, na condição de um em muitos, e não de único em sua espécie. É importante tomarmos esta posição, especialmente em vista de I Timóteo 3:16, pois Deus já havia se manifestado em carne, tornando estas ocorrências como aparições de um de seus anjos. 

O Anjo do Senhor aceitou a adoração de Josué. Um anjo comum não admite ser adorado, como pode bem ser visto nas passagens em Apocalipse 19:10 e 22:8-9. A instrução é clara: "Adora a Deus". Anjos têm clara noção de sua posição e não admitem que os homens os adorem. Se o "Anjo de Deus" que apareceu a Josué não fosse o próprio Deus (segunda pessoa da trindade), não teria aceitado, de forma alguma, a adoração de Josué. 


6.2 A Igreja e os Anjos 

Mas a Igreja Católica Apostólica Romana Crê e reconhece também que Deus criou os Anjos e quis servir-se deles, porque a revelação divina na bíblia e na tradição fala dos anjos e da sua missão na vida de Jesus Cristo e de todos os homens: “Não são todos os Anjos espíritos ao serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação?” (Hb 1,14).A igreja confessou no segundo Concílio do Vaticano, que ela sempre “venera os Santos com particular afeto, juntamente com a Bem-aventurada Virgem Maria e os Santos Anjos, e implorou o auxílio da sua intercessão.” (Vaticano II, sobre a Igreja – LG 50) “por meio da Liturgia da terra cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a milícia do exército celestial”. (Vaticano II Constituição sobre a Sagrada Liturgia – SC 8). O Vaticano II também alerta aos homens sobre o combate com os Anjos caídos: “Um duro combate contra os poderes com” Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa, com efeito, toda a história humana. Começou no princípio do mundo e, segundo a palavra do Senhor, (Mt24, 13; 13,24-30 e 36-43), durará até o ultimo dia. “Inserido nesta luta, o homem deve combater constantemente, se quer ser fiel ao bem”. (vaticano II, A Igreja no mundo atual – GS 37[1]


6.3 Os anjos e a arte 

CIC 1192. As santas imagens, presentes em nossas igrejas e em nossas casas, destinam-se a despertar e a alimentar nossa fé no mistério de Cristo. Por meio do ícone de Cristo e de suas obras salvíficas, é a ele que adoramos. Mediante as santas imagens da santa mãe de Deus, dos anjos e dos santos, veneramos as pessoas nelas representadas[2]

CIC 2131.Foi fundamentando-se no mistério do Verbo encarnado que (sétimo Concílio ecumênico, em Nicéia (em 787), justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova "economia" das imagens[3]

CIC 2502. A arte sacra é verdadeira e bela quando corresponde, por sua forma, à sua vocação própria: evocar e glorificar, na fé e na adoração, o Mistério transcendente de Deus, beleza excelsa invisível de verdade e amor, revelada em Cristo, "resplendor de sua glória, expressão de seu Ser" (Hb 1,3), em quem "habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2,9), beleza espiritual refletida na Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, nos anjos santos. A arte sacra verdadeira leva o homem à adoração, à oração e ao amor de Deus Criador e Salvador, Santo e Santificador[4]







[1]http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/a/anjo.html Fonte pagina 1 a 26 Catecismo dos Anjos. 
[2] http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/a/anjo.html 
[3] http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/a/anjo.html
[4] http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/a/anjo.html

Anjos V



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LILIAN GHISSO ARISTIMUNHO


5. BATALHA ESPIRITUAL


Uma outra passagem no Apocalipse que merece destaque é a que descreve uma batalha no céu entre Miguel e seus anjos, contra o dragão e seus anjos, onde Satanás é derrotado e lançado á terra (Ap 12.7-9). A que evento histórico esta guerra celestial corresponde tem sido bastante discutido. 


5.1. Anjos em batalha espiritual 


Para alguns, refere-se à queda de Satanás no principio, quando se revoltou contra Deus e foi expulso dos céus. Para outros, a vitória final de Cristo, ainda por ocorrer no fim dos tempos. O contexto, entretanto, parece favorecer outra interpretação, ou seja, que esta derrota de Satanás nas regiões celestiais corresponde à vitória de Cristo, ao morrer e ressuscitar, já que ela aconteceu, “por causa do sangue do cordeiro” (Ap 12. 10; cf. Jo 12.3 1; 16.1 l).À semelhança do Antigo Testamento, o Novo é igualmente reservado em narrar estas pelejas celestiais, e limita-se a registrar dois confrontos do arcanjo Miguel com Satanás (Jd 9; Ap 12.7-9). Não temos condições de saber quais as razões para estes embates entre anjos, e nem quão freqüentemente eles ocorrem no misterioso mundo celestial. 

Digno de nota é o fato que Miguel, que no Antigo Testamento aparece como guardião de Israel, surge aqui em Ap 12.7-9 como defensor da Igreja, liderando as hostes angélicas contra Satanás e seus demônios, que procuram destruir a obra de Deus. Sua área de ação não e mais o território de Israel, mas o mundo, onde quer que a Igreja esteja. A constatação deste fato deveria moderar a fascinação de muitos hoje pela idéia de espíritos territoriais, maus ou bons, que seriam supostamente responsáveis por determinadas regiões geográficas, e que se embatem em busca da supremacia sobre aqueles locais. É possível que as nações ou outras regiões tenham seus príncipes angélicos, bons ou maus, mas esta idéia não exerce qualquer função ou influência no ensino do Novo Testamento, quanto aos anjos e á sua participação na luta da igreja contra os “principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 6.12). Enquanto que em Daniel os principados e as potestades aparecem relacionados com determinados territórios, no Novo Testamento eles aparecem não mais relacionados com regiões, mas com este mundo tenebroso. O conflito regionalizado do Antigo Testamento tomou caráter universal e cósmico com a vitória de Cristo. O diabo e seus príncipes malignos são vistos agora como dominadores, não de determinadas regiões geográficas, mas “deste mundo tenebroso”. E os anjos agora servem aos servos de Deus, em qualquer região geográfica do planeta, onde se encontrem. 


5.2 O que o Novo Testamento afirma dos Anjos? 
É no Novo Testamento que podemos observar bem a missão e a ação dos anjos, como mensageiros de Deus, ministros da liturgia celeste, e protetor da Igreja. 

· Mt 1:20 “Enquanto assim decidia (José), eis que um Anjo do Senhor manifestou-se a ele em sonho, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua esposa, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois Ele salvará o seu povo dos seus pecados”. 
Mt 1:24 “José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher.” 

· Mt 2:12 “Avisados em sonho que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho a sua região.” 

Pode-se supor que o aviso tenha sido dado por um Anjo, embora não declarado explicitamente. 

· Mt 2:13 “Após seu regresso, eis que o Anjo do Senhor ma­nifestou-se em sonho a José e lhe disse: Levanta-te, toma o meni­no e a mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, por­que Herodes vai procurar o menino para o matar. 

· Mt 2:19 “Quando Herodes morreu, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se em sonho a José, no Egito, e lhe disse: “Levan­ta-te, toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, pois os que buscavam tirar a vida ao menino já morreram.” 

· Mt 4:5 “Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o cimo do Templo e disse lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: “Ele dará ordem a seus Anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.”. 

Jesus deve ter feito esta revelação a seus apóstolos, já que Mateus a escreveu. Se a fez, é porque queria que eles se convencessem da ação tentadora do demônio e da atua­ção dos Anjos. 

· Mt 4:11 “Com isso ,o diabo o deixou.´ E os Anjos de Deus se puseram a servi-lo.” 

· Mt 8: 28 “Que existe entre nós e ti, Filho de Deus”? 

· Mt 8:16 Pela tarde, apresentaram lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos.” 

· Mt 10-1 “Jesus reuniu seus doze discípulos. Conferiu lhes o poder de expulsar os espíritos imundos e de curar todo mal e toda enfermidade.” 

· Mt 12: 43-45 ´ “Quando o espírito impuro sai de um homem, ei-lo errante por lugares áridos à procura de um repouso que não acha. Diz ele, então: Voltarei para a casa donde saí. E, voltando, encontra-a vazia, limpa e enfeitada. Vai, então, buscar sete outros espíritos piores que ele, e entram nessa casa e se estabelecem aí; e o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro.” 

· Mt 13:19 “Quando um homem ouve a palavra do Reino e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente à beira do caminho.” 

· Mt 13:28 “ O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno.” 

· Mt 13:39 “O inimigo que o semeou é o Diabo. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os Anjos. Da mesma for­ma que se junta o joio e se queima no fogo, assim será o fim do mundo, o Filho do Homem enviará os seus Anjos e eles apa­nharão do seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes.” 

· Mt 13:49 “Assim será no fim do mundo: virão os Anjos e separarão os maus dentre os justos e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes.” 

· Mt 17:27 ´“Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com os seus Anjos e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.” 

· Mt 18:10 “Não desprezeis nenhum desses pequeninos por­que eu vos digo que os seus Anjos nos céus vêem continuamente a face de meu Pai que está nos céus.” 

· Mt 22:30´ “Com efeito, na ressurreição, nem eles se casam e nem elas se dão em casamento, mas são todos como os Anjos no céu”. 

· Mt 24:31 “Ele enviará os seus Anjos que, ao som da grande trombeta, reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade do céu.” 

· Mt 24,30 ´ “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os Anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai.” 

· Mt 25:31´ “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os Anjos com Ele, então se assentará no trono da sua glória...” 

· Mt 25: 41 ” Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: ´ Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.” 

· Mt 26:53 “Ou pensas tu que eu não poderia apelar para que Ele pusesse à minha disposição agora mesmo, mais de doze legiões de Anjos?” 

· Mt 28:2 “E eis que houve um grande terremoto, depois o Anjo do Senhor descendo do céu, e aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se sobre ela. O seu aspecto era como o do relâmpago e a sua roupa alva como a neve. Os guardas tremeram de medo dele e ficaram como mortos. Mas, o Anjo, dirigindo-se às mulheres, disse lhes: “Não temais! Sei que estais procurando Jesus, o crucificado; ele não está aqui, pois ressurgiu, conforme havia dito. Vinde ver o lugar, onde ele jazia. Ide lá contar aos discípulos que ele ressurgiu dos mortos, e que ele vos precede na Galiléia. Ali o vereis. Vede bem; eu vo-lo disse!” 

· Mc 1:13 “E ele esteve no deserto quarenta dias, sendo ten­tado por Satanás; e vivia entre as feras, e os Anjos o serviam”. 

· Mc 1: 23-25 ´ “Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou: “Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus! Mas Jesus intimou-o, dizendo: “Cala-te, sai deste homem!” 
Mc 8-38 “De tato, aquele que, nesta geração adúltera e pecadora se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com os santos Anjos.” 

· Mc 12-25 “Pois quando ressuscitarem dos mortos, nem eles se casam, nem elas se dão em casamento, mas são como os Anjos nos céus”. 

· Mc 13-16 “E verão o Filho do homem vindo entre nuvens, com grande poder e glória. Então ele enviará os Anjos, e reu­nirá os eleitos, dos quatro ventos, da extremidade da terra à extre­midade do céu.” 

· Mc 13:32 “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os Anjos no céu, nem o Filho, somente o Pai.” 

· Lc 1:11 Apareceu lhe então o Anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. Ao vê-lo, Zacarias perturbou-se e o temor apoderou-se dele. Disse lhe porém o Anjo: “Não tenhas medo Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida e Isabel tua mulher...” 

· Lc 8:2 “Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios.” 

· Lc 10:17-18 ´ “Voltaram alegres os setenta e dois, dizendo: Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome! Jesus disse lhes: Vi Satanás cair do céu como um raio.” 

· Lc 13:16 “Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado?” 

· Lc 15:10 “Assim, eu vos digo que do mesmo modo, há alegria diante dos Anjos de Deus por um só pecador que se converte.” 

· Lc 16-22 “Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos Anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.” 

· Lc 22:41 “E afastou-se deles, mais ou menos a uma distân­cia de um tiro de pedra, e, dobrando os joelhos, orava: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça a minha vontade. Apareceu lhe do céu um anjo que o con­fortava.” 

· Lc 24-4 “E aconteceu que, estando perplexas com isso, dois homens se postaram diante delas com vestes fulgurantes. Cheias de medo inclinaram o rosto para o chão; eles porém disseram: Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui; ressurgiu.” 

· Jo1:51´ “E disse lhe (a Natanael): ´ “Em verdade, em ver­dade vos digo: Vereis o céu aberto, e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” 

· Jo 5:4 “O Anjo do Senhor descia de tempos em tempos e agitava a água e o primeiro, então, que ai entrasse, de­pois que a água fora agitada, ficava curado, qualquer que fosse a doença.” 

· Jo12: 29 “Ora, o povo que ali estava e ouvira (uma voz vinda do alto), dizia que tinha sido um trovão. Outros diziam: Um Anjo falou lhe. Jesus respondeu: “Esta voz não ressoou para mim, mas para vós.” 

· Jo 20:11 “ Entretanto Maria (Madalena) conservava-se na parte de fora do sepulcro, chorando. Enquanto chorava. Inclinou-se para o sepulcro; e viu dois Anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira e outro aos pés. Disseram lhe então: “Mulher, por que choras?” Respondeu lhes: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colo­caram. “Dizendo isto, voltou-se e viu Jesus de pé.” 

· At 1:10-11“Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-o afastar-se para o céu, eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu.” 
At 6:15 “Fixando nele os olhos, todos os membros do Grande Conselho viram o seu rosto semelhante ao de um anjo.” 

· At 7:30 “Passados quarenta anos, apareceu lhe no deserto do monte Sinai um anjo, na chama duma sarça ardente.” 

· At 8:26 “Um anjo do Senhor dirigiu-se a Filipe e disse: Levanta-te e vai para o sul, em direção do caminho que desce de Jerusalém a Gaza, a Deserta.” 

· At 10: 4“Cornélio fixou nele os olhos e, possuído de temor, perguntou: Que há, Senhor? O anjo replicou: As tuas orações e as tuas esmolas subiram à presença de Deus como uma oferta de lembrança.” 

· At 11: 13 “Este nos referiu então como em casa tinha visto um anjo diante de si, que lhe dissera: Envia alguém a Jope e chama Simão, que tem por sobrenome Pedro.” 

· At 12: 7-8 “De repente, apresentou-se um anjo do Senhor, e uma luz brilhou no recinto. Tocando no lado de Pedro, o anjo despertou-o: Levanta-te depressa, disse ele. Caíram lhe as cadeias das mãos. O anjo ordenou: Cinge-te e calça as tuas sandálias. Ele assim o fez. O anjo acrescentou: Cobre-te com a tua capa e segue-me.” 

· At 12:23 “No mesmo instante, o anjo do Senhor o feriu [Herodes], por ele não haver dado honra a Deus. E, roído de vermes, expirou.” 

· At 27:22-23“Esta noite apareceu-me um anjo de Deus, a quem pertenço e a quem sirvo, o qual me disse: Não temas, Paulo. É necessário que compareças diante de César. Deus deu-te todos os que navegam contigo.” 

· Rom 8:38-39 “Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor.” 

· 1 Cor 13: 1 “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.” 

· Gl 1: 8 “Mas, ainda que alguém ´ nós ou um anjo baixado do céu ´ vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema.” 

· Gl 3; 19 “Então que é a lei? É um complemento ajuntado em vista das transgressões, até que viesse a descendência a quem fora feita a promessa; foi promulgada por anjos, passando por um intermediário.” 

· Ef 1:20-21 ´ “Ele manifestou na pessoa de Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o sentar à sua direita no céu, acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que possa haver neste mundo como no futuro.” 

· Cl 1:16 “Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele.” 

· 1Ts 4:16“Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro.” 

· Hb 1: 4-6 “Tão superior aos anjos quanto excede o deles o nome que herdou. Pois a quem dentre os anjos disse Deus alguma vez: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei (Sl 2,7)? Ou então: Eu serei seu Pai e ele será meu Filho (II Sm 7,14)? E novamente, ao introduzir o seu Primogênito na terra, diz: Todos os anjos de Deus o adorem (Sl 96,7).” 

· Hb 12:14-15 “Pois a qual dos anjos disse alguma vez: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés (Sl 109,1)? Não são todos os anjos espíritos ao serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação?” 

· Hb 2: 2-.5-.7-.9 “A palavra anunciada por intermédio dos anjos era a tal ponto válida, que toda transgressão ou desobediência recebeu o justo castigo. 

· Hb 12, 22 “Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos.” 

· 1Tm 3:16 “Sim, é tão sublime ´ unanimemente o proclamamos ´ o mistério da bondade divina: manifestado na carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos, anunciado aos povos, acreditado no mundo, exaltado na glória!” 

· 1 Pe 3:22 .“Esse Jesus Cristo, tendo subido ao céu, está assentado à direita de Deus, depois de ter recebido a submissão dos anjos, dos principados e das potestades.” 

· 2 Pe 2: 4 . “Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento...” 

· 2 Pe 2:10. “Audaciosos, arrogantes, não temem falar injuriosamente das glórias, embora os anjos, superiores em força e poder, não pronunciem contra elas, aos olhos do Senhor, o julgamento injurioso.” 

· Ap 5:2 . “Vi então um anjo vigoroso, que clamava em alta voz: Quem é digno de abrir o livro e desatar os seus selos?” 

· Ap 7:1-3. “Depois disso, vi quatro Anjos que se conservavam em pé nos quatro cantos da terra, detendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, sobre o mar ou sobre árvore alguma. Vi ainda outro anjo subir do oriente; trazia o selo de Deus vivo, e pôs-se a clamar com voz retumbante aos quatro Anjos, aos quais fora dado danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos assinalado os servos de nosso Deus em suas frontes.” 

· Ap 7:11-12“E todos os Anjos estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatro Animais; prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo: Amém, louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força ao nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém.” 

· Ap 8: 2ss “Eu vi os sete Anjos que assistem diante de Deus. Foram lhes dadas sete trombetas. 


Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está adiante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus. Depois disso, o anjo tomou o turíbulo, encheu-o de brasas do altar e lançou-o por terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos. Então os sete Anjos, que tinham as trombetas, prepararam-se para tocar. O primeiro anjo tocou. Saraiva e fogo, misturados com sangue, foram lançados à terra; e queimou-se uma terça parte da terra, uma terça parte das árvores e toda erva verde. O segundo anjo tocou. Caiu então no mar como que grande montanha, ardendo em fogo, e transformou-se em sangue uma terça parte do mar, morreu uma terça parte das criaturas que estavam no mar e pereceu uma terça parte dos navios. O terceiro anjo tocou a trombeta. Caiu então do céu uma grande estrela a arder como um facho; caiu sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes. O nome da estrela era Absinto. Assim, uma terça parte das águas transformou-se em absinto e muitos homens morreram por ter bebido dessas águas envenenadas. O quarto anjo tocou. Foi atingida então uma terça parte do sol, da lua e das estrelas, de modo que se obscureceram em um terço; e o dia perdeu um terço da claridade, bem como a noite. A esta altura de minha visão, eu ouvi uma águia que voava pelo meio dos céus, clamando em alta voz: Ai, ai, ai dos habitantes da terra, por causa dos restantes sons das trombetas dos três Anjos que ainda vão tocar.[1]

· Ap 9:1 “O quinto anjo tocou a trombeta. Vi então uma estrela cair do céu na terra, e foi´lhe dada a chave do poço do abismo.” 
· Ap 9:13-14 “O sexto anjo tocou a trombeta. Ouvi então uma voz que vinha dos quatro cantos do altar de ouro, que está diante de Deus, e que dizia ao sexto anjo que tinha a trombeta: Solta os quatro Anjos que estão acorrentados à beira do grande rio Eufrates.” 
· Ap 10:1 “Vi então outro anjo vigoroso descer do céu, revestido de uma nuvem e com o arco´íris em torno da cabeça. Seu rosto era como sol, e as suas pernas como colunas de fogo.” 
· Ap 10:5-7 “Então o anjo, que eu vira de pé sobre o mar e a terra, levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, que criou o céu e tudo o que há nele, a terra e tudo o que ela contém, o mar e tudo o que encerra, que não haveria mais tempo; mas nos dias em que soasse a trombeta do sétimo anjo, se cumpriria o mistério de Deus, de acordo com a boa nova que confiou a seus servos, os profetas.” 
· Ap 12:7-8 “Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles.” 
· Ap 22: 6 “Ele me disse: Estas palavras são fiéis e verdadeiras, e o Senhor Deus dos espíritos dos profetas enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos o que deve acontecer em breve.” 
· Ap 22:8 “Fui eu, João, que vi e ouvi estas coisas. Depois de as ter ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que as mostrava.” 




[1] BíBLIA.1996. Apocalipse 8:3-13

Anjos IV


ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA

LILIAN GHISSO ARISTIMUNHO






4. ANJOS NO NOVO TESTAMENTO 

Os cristãos não eram o único grupo do primeiro século que acreditava na existência de anjos. A maioria das seitas do judaísmo, berço do cristianismo, professava a crença nesses mensageiros celestes, à exceção provável dos saduceus (At 23.8). O interesse dos judeus por anjos havia crescido de forma notável durante o período intertestamentário, quando o segundo templo foi construído, após o retorno do cativeiro babilônico. É provável que esse aumento de interesse pelos anjos tenha ocorrido como resultado da ênfase nesse período á idéia de que Deus havia se distanciado do seu povo, já que não havia mais profetas. A ausência de profetas, os mensageiros oficiais de Deus ao seu povo, provocava a necessidade de outros mediadores da vontade divina. Os anjos vieram ocupar esse espaço no judaísmo do segundo templo.

4.1. A Crença em Anjos no Novo Testamento 
O aumento do interesse pelo mundo celestial e pelos seus habitantes, os anjos, nota-se nos escritos judaicos produzidos antes ou logo após o nascimento do cristianismo. Exemplos desta tendência se percebem em alguns livros apócrifos (4 Esdras 2.44-48; Tobias 6.3-15; 2 Macabeus 11.6). O mesmo se vê em alguns dos escritos dos sectários do Mar Morto achados nas cavernas do Wadi Qumran, como o rolo da Batalha entre os Filhos das Trevas e os Filhos da Luz. Alguns dos escritos produzidos pelo movimento apocalíptico dentro do judaísmo, mais que os escritos de outros movimentos, enfatizava o ministério dos anjos (1 Enoque 6.1 ss; 9.1 ss), O interesse pelos anjos se nota até mesmo nos escritos rabínicos datados a partir do século III (com exceção do Mishnah), e que possivelmente representam a linha principal do judaísmo no período do segundo templo. 

Fora das fronteiras do judaísmo, a crença em anjos, encontrava-se não somente nas religiões que fervilhavam no mundo greco-romano, mergulhado no misticismo helênico, como também nas obras dos filósofos e escritores gregos famosos, como Sófocles, Homero, Xenofonte, Epicteto e Platão. A biblioteca de Nag Hammadi, descoberta em nosso século (1945) nas areias quentes do deserto egípcio, apresenta material gnóstico datando do século IV, com uma elaborada angelologia, onde a distância entre Deus e os homens é coberta por trinta “archons”, seres intermediários, possivelmente anjos, que guardam as regiões celestes. 

Os “Papiros Mágicos” desta coleção contém fórmulas para atrair os anjos. Embora datando do século IV, estes escritos possivelmente refletem crenças que já estavam presentes de forma incipiente no mundo greco-romano desde antes de Cristo. Em contraste aos escritos produzidos em sua época, a literatura do Novo Testamento é bem mais discreta e reservada em seus relatos da atividade angélica. 


4.2. As palavras mais comuns para “anjos” no Novo Testamento 
A palavra mais usada no Novo Testamento para “anjo” é aggelos, que é a tradução regular na Septuaginta da palavra hebraica Mala’k. Ambas significam “mensageiro”. Aggelos é usada umas poucas vezes no Novo Testamento para mensageiros humanos, como por exemplo os emissários de João Batista a Jesus (Lc. 7.24; veja ainda Tg 2.25; Lc 9.52). Na maioria esmagadora das vezes, a palavra refere-se aos mensageiros de Deus, que povoam o mundo celeste e assistem em sua presença. Aggelos é usada tanto para anjos de Deus quanto para os anjos maus. 

Existe outro termo no Novo Testamento para se referir aos anjos, o qual só Paulo emprega: “principados e potestades”. Em duas ocasiões é usado em referência aos demônios (Ef 6.12; Cl 2.13) e em três outras aos anjos de Deus (Ef 3.10; Cl 1.16; 1 Pe 3.22). Em todos os casos, refere-se ao poder e á hierarquia que existe entre esses espíritos. Uma outra palavra usada no Novo Testamento para anjos e pneuma, geralmente no plural (pneumata), que se traduz por “espíritos”. Embora o termo seja empregado geralmente para os anjos maus e decaídos (quase sempre qualificado pelo adjetivo “imundo”, cf. Mt 12.43; Lc 4.36; At 8.7), é usado pelo menos uma vez para os anjos de Deus, como sendo “espíritos administradores” (Hb 1. 14). Alguns estudiosos têm sugerido que “espíritos” também se refere a anjos em outras passagens onde a palavra pneumata aparece, como por exemplo 1 Co 14.12. Neste versículo o apóstolo Pa-ulo aprova e incentiva o desejo dos membros da igreja por pneumata, expressão quase que universalmente traduzida como “dons espirituais”, devido ao contexto. 

De acordo com E. Earle Ellis, Paulo, na verdade, não se refere a dons espirituais, mas aos anjos que estavam presentes aos cultos (1 Co 11. 10). Sua tese é que existe uma relação estreita entre as manifestações sobrenaturais que estavam acontecendo na igreja de Corinto e o ministério angélico. Tais manifestações, ou parte delas, não eram produzidas pelo Espírito Santo, e nem também por espíritos malignos, mas por estes espíritos bons. Outras passagens onde “espíritos” significa “anjos”, segundo Ellis, são 1 Co 14.32; 1 Jo 4.1-3; Ap 22.6.(1) Embora esta sugestão seja interessante e provocativa, fica difícil ver como “espíritos” produtores de dons espirituais se encaixam no contexto de 1 Co 14.12 e no ensino de Paulo de que os dons são dados pelo Espírito Santo. O uso de pneumata em 1 Co 14.12 (bem como nas demais passagens mencionadas acima) pode ser explicado á luz de 1 Co 12.7, onde Paulo afirma que há diferentes manifestações do Espírito Santo. Ou seja, o mesmo Espírito manifesta-se de formas diferentes através de pessoas diferentes. Paulo refere-se a estas manifestações como “espíritos”. Elas eqüivalem aos dons espirituais. E difícil admitir que Paulo aprovaria um desejo dos crentes de Corinto de buscar estas entidades celestiais.

4.3.. Anjos através dos livros do Novo Testamento 
A presença e a atividade de anjos registradas nos evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) indicam invariavelmente a intervenção direta de Deus. Como mensageiros fiéis de Deus, que têm acesso a presença divina (Lc 1. 19; cf 12.8; Mt 10.32; Lc 15.10), a visita ou a intervenção de um deles eqüivale a uma manifestação divina. A encarnação e o nascimento de Jesus foram marcados pela presença de anjos, indicando a participação direta de Deus no nascimento do Messias (Mt 1.20; 2.13,19; Lc 1 . 11; 1.2638). Embora os evangelhos não registrem quase nenhuma participação direta dos anjos assistindo a Jesus em seu ministério (o que poderia ter ocorrido, se Jesus quisesse, Mt 26.52), os anjos acompanharam o Senhor e se rejubilaram à medida que pecadores se arrependiam (Lc 15.10). As poucas vezes em que se manifestaram visivelmente tinham como propósito demonstrar que Ele era amado e aprovado por Deus (Mt 4.11; Lc 2143). Os anjos ainda participaram da sua ressurreição, da anunciação ás mulheres, e da anunciação aos discípulos de que Jesus havia de voltar (Mt 28.2-5; At 1.9-11). E o próprio Jesus também mencionou varias vezes que os anjos participariam da sua segunda vinda e do Juízo final (Mt 13.4 1; 16.27; 24.3 l). 

Embora nos evangelhos a atividade dos anjos praticamente se concentre em tomo da pessoa de Jesus, ele mesmo menciona uma atividade deles relacionada aos homens, “cuidado para não desprezarem nenhum destes pequeninos. Eu afirmo que os anjos deles estão sempre na presença do meu Pai que está no céu” (Mt 18. 10, NVI). Aqui Jesus fala do cuidado vigilante de Deus pelos “pequeninos ‘, através dos anjos. A quem Jesus se refere por pequeninos” tem sido debatido pelos estudiosos, já que o termo pode ser tomado literalmente (crianças) ou figuradamente (os discípulos). Talvez a última possibilidade deva ser a preferida, já que Jesus usa regularmente “pequeninos” para se referir aos discípulos, cf Mt 10.42; 18.6; Mc 9.42; Lc 17.2. Qualquer que seja a interpretação, a passagem não está ensinando que cada crente ou criança tem seu próprio “anjo da guarda”, como era crido popularmente entre os judeus na época da igreja primitiva. Fazia parte desta crença que o anjo “guardião” poderia tomar a forma do seu protegido (cf. At 12.15). Jesus está ensinando nesta passagem que Deus envia seus anjos para assistir aos “pequeninos”, e que, portanto, nós não devemos desprezar estes “pequeninos”. Esse ministério angélico para com os “pequeninos” faz parte do cuidado geral que os anjos desempenham, pelo povo de Deus (cf. SI 9 1.11; Hb 1. 14; Lc 16.22). A passagem, portanto, não deve ser tomada como suporte á crença popular em “anjos da guarda”. 

E importante notar que o Evangelho de João faz pouquíssimas referências á atividade dos anjos, embora, segundo João, Jesus tenha dito aos seus discípulos, no início do seu ministério, que eles veriam, os anjos subindo e descendo sobre si (Jo 1. 51). Possivelmente esta passagem não deva ser entendida literalmente no que se refere aos anjos, mas apenas como uma alusão ao sonho de Jacó (Gn 28.12) e ao seu cumprimento na pessoa de Cristo (unindo o céu á terra). No relato de João das boas novas, os anjos só revelam a sua presença ao lado da sepultura de Jesus (Jo 20.12) (2). Estes fatos indicam que as aparições angélicas durante o período em que Jesus esteve presente fisicamente entre nós foram relativamente poucas, e quase todas associadas com o seu nascimento, ministério, morte e ressurreição. Era conveniente que a vinda do Filho de Deus ao mundo fosse marcada por esta atividade angélica especial. 

Apesar de a narrativa do livro de Atos abranger um período marcado por intensa manifestação sobrenatural, que foi o nascimento da igreja cristã, as aparições angélicas registradas pelo autor são relativamente poucas. Não há aparição de anjos em grupos, á exceção dos dois homens em vestes resplandecentes no local da ascensão (At 1. 10- 11). Nas intervenções angélicas, é sempre um único anjo que aparece, o qual é chamado de “um anjo do Senhor” (At 5.19; 8.26; 12.7,15) ou “um anjo de Deus” (10.3; 27.23). A expressão “anjo do Senhor” não tem. em Atos a mesma conotação que no Antigo Testamento, onde ás vezes este anjo é identificado com o próprio Deus. Em Atos a expressão sempre designa um mensageiro angelical. Os anjos aparecem em Atos com a mesma função principal, que no Antigo Testamento e nos Evangelhos, ou seja, trazer uma mensagem oficial da parte de Deus (At 5.19; 10.’ 10.22; 27.23). A isto se acresce a função protetora, pois por duas vezes um anjo do Senhor libertou apóstolos da prisão (At 5.19; 12.7). Uma outra missão de um anjo foi punir o rei Herodes (At 12.23) missão esta já mencionada no Antigo Testamento (cf Ex 12.13; 2 Sm 24.17) 

A atividade dos anjos em Atos, além de bastante discreta, é voltada quase que exclusivamente para o progresso do Evangelho. Um ponto de grande relevância para nos hoje é que ela se concentra, em torno dos apóstolos (At 5.19; 12.7 27.23) ou dos seus associados, como Filipe (8.26). A única exceção foi a aparição a Cornélio (At 10,3). Mesmo assim ocorreu una ponto crucial do nascimento da Igreja Cristã, que foi a inclusão dos gentios na Igreja. À exceção deste caso não há registro de aparições de anjos aos crentes em geral, nem para lhes trazer mensagens de Deus, nem para protegê-los, embora certamente eles estivessem ocupados em desempenhar esta última; função, provavelmente de forma não perceptível aos crentes. 

O apóstolo Paulo é bastante ponderado no que escreve sobre os anjos, se com parado com outros autores religiosos não cristãos da sua época. Ele emprega a palavra aggelos apenas catorze vezes em suas treze cartas. Ele se refere aos anjos de Deus, não tanto como mensageiro: celestes ou protetores dos crentes, mas como participantes do progresso do plano de Deus neste mundo, que participaram da entrega da Lei no Sinai (G1 3.19) e que virão com Cristo para executar juízo sobre a humanidade (2 Ts 1.7). Estes são os “anjos eleitos”, que assistem diante de Deus (I Tm 5.2 1; cf. Gl 4.14). Uma possível explicação para a atitude reservada de Paulo é que, para ele, o Senhor Jesus, é a manifestação suprema de Deus, que suplanta todas as demais, diante das quais as manifestações angélicas perdem em importância e relevância (Ef 1.21; Cl 1. 16; cf. Hb 1. 1-2). Em nenhum momento Paulo menciona em suas cartas encontros angélicos que porventura teve, nem encoraja os crentes a buscar tais encontros. Some-se a isso a preocupação que demonstra em suas cartas com aparições e visões de anjos. O apóstolo teme que anjos caídos, passando-se por anjos de Deus, manifestem-se em visões com o alvo de enganar os crentes. Ele menciona a possibilidade de que um anjo do céu venha pregar outro evangelho (G1 1. S), e que Satanás apareça dissimulado de “anjo de luz” (2 Co 11.14). Ele alerta aos crentes de Colossos a que não se deixem arrastar para o culto aos anjos propagado pelos líderes da heresia que ameaçava a igreja, e que se baseava em visões (C1 2.18). 

Uma passagem surpreendente sobre anjos é Gl 3.19, em que Paulo diz que a Lei de Deus foi entregue ao povo de Israel por meio de anjos. Esse fato no é mencionado na narrativa da entrega da Lei a Moisés no livro de Êxodo. Sua veracidade foi aceita possivelmente durante o período do segundo templo, quando os anjos receberam cada vez mais lugar destacado na teologia do judaísmo, a ponto de serem reconhecidos como mediadores no Sinai, na hora da entrega da Lei a Moisés por Deus. O fato foi aceito como verídico por judeus cristãos como Estêvão (At 7.53), o autor de Hebreus (Hb 2.2), e por Paulo. Só que, enquanto que para os judeus da sua época, a presença de anjos no Sinai era algo que exaltava a glória da Lei, para Paulo, a presença destas criaturas era apenas um sinal da inferioridade da Lei em comparação ao Evangelho, que havia sido trazido pelo próprio Filho de Deus, sem mediação de criaturas. 

Uma outra passagem difícil de entender nas cartas de Paulo é a enigmática expressão de 1 Co 11. 10. “Por esta razão, e por causa dos anjos, a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal de autoridade”. O que tem os anjos, a ver com o uso do véu nas igrejas de Corinto? A resposta está ligada a um aspecto da situação histórica específica da Igreja de Corinto no século I, que nós desconhecemos. Havia uma idéia estranha na época de Paulo de que Gn 6.1-2 se referia a anjos que se deixaram atrair pelos encantos femininos (uma tradição rabínica acrescenta que foram os longos cabelos das mulheres que tentaram os anjos), A falta de decoro e propriedade por parte das mulheres na igreja de Corinto poderia novamente provocá-los. O mais provável é que Paulo se refira a outro conceito corrente que os anjos bons eram guardiões do culto divino, o que exigiria decoro e propriedade por parte de todos os adoradores. Este conceito se encaixa perfeitamente no ensino do Novo Testamento de que os anjos observam e acompanham o desenvolvimento do evangelho no mundo (ver Ef 3. 10, 1 Tm 5.12; 1 Pe 1. 12; Hb 1. 14). 

Não há menção de anjos cm Tiago, e nem nas três cartas de João. Pedro menciona apenas que os anjos anelam compreender os mistérios do Evangelho (1Pe 1. 12), e que estão subordinados a Cristo (3,22). Em Judas encontramos mais uma referência enigmática aos anjos, desta feita em relação ao confronto do arcanjo Miguel com Satanás, em disputa pelo corpo de Moisés (Jd 9). Esse incidente não é narrado no Antigo Testamento, mas aparece num livro apócrifo que era bastante popular entre os judeus chamado A Ascensão de Moisés. Neste livro o autor narra que, após a morte de Moisés, sozinho no monte, Deus encarregou o arcanjo Miguel de dar-lhe sepultura. O diabo veio disputar o corpo, alegando que Moisés era um assassino (havia matado o egípcio), e que, portanto, seu corpo lhe pertencia. De acordo com a Ascensão, Miguel limitou-se a dizer que o Senhor repreendesse os intentos malignos de Satanás. Embora narrado num livro apócrifo, o incidente deve ter ocorrido, e Deus permitiu que, através de Judas, viesse a alcançar lugar no cânon do Novo Testamento. 

A carta aos Hebreus menciona os anjos nada menos que 13 vezes, 11 das quais nos dois primeiros capítulos, onde o autor procura estabelecer a superioridade de Cristo sobre os anjos (Hb 1.4-7,13; 2.2,15,16). A razão para esta abordagem foi possivelmente a exaltação dos anjos por parte de muitos judeus no século I. O autor, escrevendo a judeus cristãos sentiu a necessidade de diferenciar a mensagem do evangelho trazida por Cristo, e as muitas mensagens e mensageiros angelicais que infestavam a crendice popular judaica no século I. 

E no livro de Apocalipse que temos a maior concentração no Novo Testamento do ensino sobre anjos. É o livro do Novo Testamento que mais emprega a palavra aggelos (67 vezes). Aqui os anjos aparecem como agentes celestes que executam os propósitos de Deus no mundo, como proteger os servos de Deus (Ap 7.1-3) e administrar os juízos divinos sobre a humanidade incrédula e impenitente (Ap 8.2; 15.1; 16.1). Apocalipse está cheio das visões que o apóstolo João teve do céu, e os anjos aparecem como habitantes das regiões celestes, ao redor do trono divino, em reverente adoração a Deus e ao Cordeiro (Ap 5.11; 7.11), mediando ao apóstolo João as visões e as instruções divinas (Ap 1.1). 

Uma questão que tem atraído o interesse dos intérpretes é o sentido da palavra “anjo” em Ap 1.20, “os anjos das sete igrejas” (cf Ap 2.1,8,12,18; 3,1,7,14).Alguns acham que João se refere aos pastores das igrejas às quais endereça suas cartas, já que em Malaquias os líderes religiosos são chamados de anjos (MI 2.7). Ou então, aos mensageiros (aggelos) das igrejas que haveriam de levar as cartas às suas comunidades. O problema com estas interpretações é que a palavra aggelos em Apocalipse nunca é usada para seres humanos, mas consistentemente para anjos. Por este motivo, outros, como Origenes no século II, acham que João se refere a anjos reais, já que este é o uso regular que ele faz da palavra no livro. Estes anjos seriam os anjos de guarda de cada igreja a quem João manda uma carta. A dificuldade óbvia com esta interpretação é que as advertências e repreensões das cartas seriam dirigidas a anjos, e não aos membros da igreja. Além do mais, fica claro pelo fim de cada carta que elas foram endereçadas aos membros das igrejas (2.7,11,17 etc). 

Assim, outros estudiosos têm sugerido que “anjos” representam o estado real de cada igreja, o “espírito” da comunidade. Esta idéia, que no deixa de ser curiosa e estranha, tem sido adotada por alguns que defendem que igrejas têm suas próprias entidades espirituais malignas, que se alimentam dos pecados não tratados das mesmas (3). Fica difícil tomar uma decisão. Mas, já que é evidente que os anjos e as igrejas são uma mesma coisa nestas passagens, a interpretação que talvez traga menos dificuldades é que aggelos (anjos) se refere aos pastores das igrejas.