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sexta-feira, 8 de março de 2013

A Trindade nos Sistemas Gnósticos


1.3.2.  A Trindade nos Sistemas Gnósticos


a) A Divindade Suprema
No principio e na origem do Todo os gnósticos postulam a figura de um Deus impossível de se conhecer em sua essência e indefinível. É a absoluta transcendência, um Ser Perfeito, supra-exististe, que vive em si mesmo em alturas invisíveis e inomináveis, infinito segredo da magna paz e solidão. Qual quer imagem mundana de Deus será falso. Segundo Piñero e Montserrat só podemos caracterizá-lo por seus traços negativos.
...no necessita de nadie; es algo más que vida; es ilimitado; inconmensurable, más infinito que La perfección; se halla por encima de lo que llamamos divinidad; está m´s Allá Del ser e incluso de La misma unidad. Pero su grandiosa tranquilidad no es incompatoble com que este Dios supremo este de algún modo acomompanãdo de um ser que es como la outra cara de si mismo y su cónyuge: su Consciencia, su Pensamiento, su Paz, su Silencio, etc[1]
Isso significa que entre os princípios gnósticos aparece a figura da deidade feminina, que os estudiosos da história das religiões interpretam como um resto do antigo politeísmo, logo purificado e intelectualizado. Em alguns sistemas é mostrada como a companheira do Uno, Silêncio em outros, se mostra como o eón[2] Sabedoria ou o Pneuma[3] , que desempenha  um papel importante na geração do cosmos. Desse modo pode-se inferir uma trindade.

De este modo, uma suerte de Trinidad _que puede describirse como Padre-Madre (cônjuge)-intelecto (Hijo produto de ambos), o bien como Padre/Madre-Hijo(intelecto)-tercer Eón divino_ se dibija em los sistemas gnósticos aun antes de que tales especulaciones se aplicaram a la elucdación de la Trinidad Cristiana.[4]


b) Pleroma
 O Deus Uno, em determinado momento, através de emanação, projeção ou geração, projeta-se no exterior, desdobrando-se, "gerando" uma série de entidades divinas, os Eons, ou Sefirotes da Cabala.
c) Os Eons
            São, portanto, entidades divinas procedentes do Uno, e são o inteligível ou o perceptível do Uno. Essas emanações, ou gerações intradivinas, originadas do Uno-Transcendente, constituem o Pleroma, ou Plenitude da Divindade.
Na formação do Pleroma há que se distinguir dois momentos: em um primeiro estágio é formada a substância ou ser dos Eons, em um segundo momento é formada a gnose ou conhecimento. O Transcendente dá a esses Eons, formados substancialmente, o conhecimento de si mesmos só num momento posterior. É quando passam a ser divinos. A queda pleromática - Dentro do Pleroma acontece uma falha. Esta "falha" irá explicar o nascimento do cosmos e a origem do mal. Entre os dois momentos do Pleroma, quando ocorre a formação dos Eons, segundo a substância e segundo o conhecimento, ocorre esta falha. Um dos entes divinos, a Sabedoria (ou Sofia), quer chegar ao conhecimento do Uno antes do tempo. Isto seria um desejo correto, justo se acontecesse no momento certo, de acordo com a vontade do Transcendente, mas, como acontece antes da hora, passa a ser uma paixão.
Porém esta paixão, este desejo prematuro pelo conhecimento pleno do Uno, continua sendo efetivo, apesar de imperfeito, pois é o desejo de uma entidade divina. Ainda assim esta paixão provoca a queda do Eon e por isto este Eon será expulso do Pleroma. Este lapso de tempo em que o Eon Sabedoria fica fora do Pleroma tem uma dupla dimensão conceitual: teológica e cosmológica.
Teologicamente representa o nascimento do pecado, da deficiência, do Mal, que exigirá a necessidade de um Salvador. Com o Salvador se inicia, dentro do Pleroma, um processo de salvação, que mais tarde se repetirá neste mundo. Cosmologicamente, este "pecado" do Eon Sabedoria significará o princípio da matéria, do universo todo. É da paixão deste Eon que surgirá a substância informe e espessa da qual irá brotar todo o universo material. O Eon caído se arrepende de seu pecado e para que o Pleroma não fique incompleto, para que a Totalidade divina não seja abalada por isto, o Uno, através do Salvador, resgata o Eão Sabedoria. Separa-o da substância informe e espessa que resultou da sua paixão e que deu origem ao universo e o faz retornar ao Pleroma (tudo isto está descrito na Bíblia gnóstica Pistis Sofia).
Desta forma, tem origem um duplo Eon pecador: a) um superior que se arrependeu e que volta ao Pleroma e passa a ser denominado Sabedoria Superior; b) outro que permanece fora do Pleroma, filho da Sabedoria Superior, e passa a ser denominado Achamot ou Echamot.
A Sabedoria também ficará dividida em duas partes: a superior, redimida, reintegrada ao Pleroma; e a inferior, que ficará fora do Pleroma e impedida pelo Limite de retornar. Será o agente divino no exterior e posteriormente, vai dar origem a matéria.
O Transcendente então gera mais um Eon, denominado "Limite", que tem a função de separar. Separa os Eons do nível superior e do nível inferior, o universo material. O "Limite" entre o Pleroma e o universo, que será o modelo da cruz redentora no gnosticismo cristão, que redimirá o homem e separará os não-gnósticos, que serão condenados.




[1] PIÑEIRO e MONTSERRAT. Pag.42
[2] Éon, eão, eon ou ainda aeon significa, em termos latos, um enorme período de tempo, ou a eternidade. A palavra latina aeon, significa "para sempre". Ela é derivada do grego αιών (aión), cujo um dos significados é "um período de existência" ou "vida".Wikipedia.
[3] Espírito ( que o hebraico é feminino) PIÑEIRO e MONTSERRAT
[4] PIÑEIRO e MONTSERRAT. Pag.43

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