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sábado, 2 de março de 2013

“A Anunciação de Maria nos Evangelhos canônicos e apócrifos”



ALVES, Francisco. Pistis Sophia: O Livro Sagrado dos Gonósticos do Egito. Rio de Janeiro: Carioca. 1993. p. 07.



No Evangelho de Mateus, a personagem que ocupa mais destaque na anunciação do nascimento de Jesus não é Maria, mas sim seu marido José (Mt 1.18-25) O Evangelho de Lucas pode ser considerado o ‘Evangelho de Maria’, não só pelo fato de que a maioria das lembranças históricas nele contidas chegam a Lucas por meio dela, mas porque sua figura ocupa espaço destacado em todo o evangelho. Nos Evangelhos de Marcos e João não encontramos nenhum relato do anúncio do nascimento à Maria, assim como nenhum relato do nascimento propriamente dito. O Evangelho de Bartolomeu narra uma espécie de entrevista dos apóstolos com Maria para que ela lhes fale da encarnação. No Evangelho do Pseudo Mateus o anúncio à Maria é que ela se encontra com o anjo duas vezes, sempre realizando duas atividades distintas: pegando água no poço e depois trabalhando. As palavras do anjo à Maria, em seu segundo encontro, estas palavras são usadas na composição da oração Ave-Maria. 

Aspectos referentes à anunciação de Jesus no escrito gnóstico “Pistis Sophia”[1]: antes do aparecimento neste mundo, Jesus tomou o aspecto do anjo dos iontes, Gabriel, e andou entre os arcontes, sem ser por eles reconhecido, e por ordem do primeiro mistério (Deus), lançou um olhar sobre o mundo dos homens; Viu Isabel, mãe de João Batista, antes que concebesse, e semeou nela uma força celeste, tomada de João. Para assim pregar e preparar o caminho antes dele, dar perdão dos pecados e batizar em água. Conforme os Gnósticos, o ser supremo teria enviado sua primeira inteligência, o Nous. Mais adiante, por ordem do primeiro mistério (Deus), lançou um olhar sobre o mundo dos seres humanos e encontrou Maria, “aquela que é chamada minha mãe, no tocante ao corpo material”; falou com ela sob o aspecto de Gabriel e fez penetrar nela a primeira força, o próprio corpo tomado por um ionte feminino, Barbelo (corpo que vinha das regiões superiores), em lugar da alma, fez penetrar nela a força que tinha tomado o grande e bom Sabaoth, que se encontra na Mansão dos justos. 

Todos esses fatos vêm atestar a existência de Maria e sua função como escolhida para mãe de Jesus e ressaltar a importância da mulher no mundo dos apócrifos assim como nos cristianismos originários.





[1] ALVES, Francisco. Pistis Sophia: O Livro Sagrado dos Gonósticos do Egito. Rio de Janeiro: Carioca. 1993. p. 07.

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