1.3.5.
O Gnosticismo Samaelita.
A
história do gnosticismo samaelita forma uma linha contínua desde os primeiros
gnóstica anteriores ao surgimento do cristianismo até os adeptos dos dias
atuais. Mas essa história é pouco conhecida entre os membros da corrente
samaelita.
É curioso notar que dentre todos os períodos históricos do gnosticismo
samaelita o mais desconhecido para os estudantes desta corrente seja justamente
o período mais recente. A seguir registro alguns acontecimentos desta fase da
história gnóstica que podem servir de base de pesquisa para os estudantes interessados
em conhecer um pouco mais sua herança cultural.
O gnosticismo moderno tem seu início no século XIX com Jules-Benoît
Stanislas Doinel du Val-Michel (1842-1903).
Jules
Doinel investigou os mistérios cátaros e gnósticos mais antigos e fundou em
1890 na França a Igreja Gnóstica. Doinel consagrou vários Bispos e Sophias
dentre os quais estavam: Papus [Gérard Encausse] (1865-1916) e Léonce-Eugène
Joseph Fabre des Essarts (1848-1917) que sucedeu Doinel como patriarca da
Igreja Gnóstica.
Fabre
des Essarts consagrou Jean Bricaud (1881-1934) em 1901 que se tornou patriarca
da Igreja Gnóstica Universal. Essa linha da Igreja Gnóstica acabou por
assimilar as outras linhas nascidas de cismas e divergências.
Durante a Conferência Internacional Massônica e Espiritualista
organizada por Papus em 1908 Merlin Peregrinus [Theodor Reuss] (1855-1923)
recebeu autoridade episcopal na Igreja Gnóstica. Assim surgiu a Eclésia
Gnóstica Católica levada para a Alemanha por Merlin Peregrinus e posteriormente
assimilada pela Ordo Templi Orientis quando esta estava sob orientação de
Perdurabo [Aleister Crowley] (1875-1947).
A Igreja Gnóstica Universal de Bricaud desenvolveu estreitos laços com o
Martinismo de Papus já que tanto Brucaud quanto Doinel eram martinistas. Em
1918 Bricaud tornou-se o mestre da Ordem Martinista e do Rito de Mênphis e
Mizraim da Maçonaria. Uma disputa pela liderança do Martinismo entre Jean
Bricaud e Victor Blanchard dividiu a ordem. Blanchard era ex-secretário de
Papus e havia sido consagrado por Bricaud na Igreja Gnóstica em 1918. Da linha
de Blanchard descende a Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz de Harwey Spencer
Lewis.
Após sua morte Bricaud foi sucedido por Constant Chevillon como
patriarca da Igreja Gnóstica Universal e mestre da Ordem Martinista. Chevillon
havia sido consagrado na Igreja Gnóstica em 1936.
Constant Chevillon consagrou Huiracocha [Arnold Krumm-Heller]
(1876-1949) como bispo da Igreja Gnóstica Universal em 1939. Durante a Segunda
Guerra Mundial a Igreja Gnóstica Universal foi dissolvida e em 1944 Constant
Chevillon foi assassinado.
Além de bispo da Igreja Gnóstica Universal Huiracocha foi comendador da
Ordo Templi Orientis para as Américas tendo autoridade na Eclésia Gnóstica
Católica. No México Huiracocha fundou e presidiu a Fraternitas Rosicruciana
Antiqua e agregada a esta a Igreja Gnóstica.
Na década de 30 um discípulo de Huiracocha chamado Israel Rojas Romero
deu instruções na Fraternitas Rosicruciana Antiqua da Colômbia a Samael Aun
Weor [Vitor Manuel Gomez Rodriguez] (1917-1977) e a Gargha Kuichines [Julio
Medina Vaiscano]
Em 1950 Samael Aun Weor publica seu primeiro livro, O Matrimônio
Perfeito ou A Porta de Entrada para a Iniciação, que foi reescrito e publicado
novamente em 1961. Samael Aun Weor estabeleceu um pequeno templo na Serra Nevada
de Santa Marta na Colômbia onde celebrou a Missa Gnóstica e, provavelmente,
outros rituais provenientes da Fraternitas Rosicruciana Antiqua.
Na década de 60 foi criado no México o Movimento Gnóstico Cristão
Universal e a Igreja Gnóstica Cristã Universal sob a direção de Samael Aun Weor
e Gargha Kuichines.
Em 1968 foi publicada a primeira edição do Livro de Liturgia escrito por
Samael Aun Weor para uso restrito aos membros da Segunda e Terceira Câmara da
Igreja Gnóstica Cristã Universal. Uma segunda edição foi publicada em 1975 e
uma terceira edição em 1976.
Com a morte de Samael Aun Weor seus discípulos entraram em desacordo e
as atividades das instituições fundadas por ele se encerraram em 1978. O fim
das atividades do Movimento Gnóstico Cristão Universal e da Igreja Gnóstica
Cristã Universal gerou uma grande quantidade de instituições e escolas baseadas
nos livros de Samael Aun Weor e nos rituais do Livro de Liturgia Gnóstica que
desenvolveram suas atividades segundo sua própria visão dos conceitos e
práticas deixadas pelo autor.
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